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"(...) faltava-me a motivação e ela veio sob a forma de um plágio que fizeram a algo que escrevi, em que simplesmente riscaram o meu nome e assinaram por baixo."Estivemos à conversa com Rui Conceição, autor do livro “RUIM”, que reúne os melhores textos humorísticos publicados na página de Facebook com o mesmo nome, para percebermos de onde vem e para onde quer ir.
1 - Para quem não te conhece, quem é o Rui Conceição?
Sempre quis falar sobre mim na terceira pessoa, por isso, o Rui Conceição é, acima de tudo, uma pessoa igual às outras com os mesmos problemas, manias e frustrações. A única coisa diferente que o Rui Conceição fez da maioria delas foi passar isso tudo para palavras através das redes sociais. Pelo caminho, o Rui Conceição apaixonou-se de forma obsessiva pela escrita - humorística na sua grande maioria - estando agora numa relação séria com a mesma. E como em todas as relações, há coisas boas e coisas más. Acima de tudo sou uma pessoa comum, um típico Zé e penso que isso transparece bastante na forma e no conteúdo do que escrevo. 2 – O livro surge na sequência da tua página “Ruim”. Como surgiu a ideia de criar a página? A ideia da página até nem foi minha. Várias pessoas incitaram-me a fazê-lo, talvez fartas do meu feitio contestatário e opinador, aconselharam-me a tal. No entanto, faltava-me a motivação e ela veio sob a forma de um plágio que fizeram a algo que escrevi em que simplesmente riscaram o meu nome e assinaram por baixo. Foi nesse momento que percebi que se algo feito por mim merece essa honra, então havia de facto mais nas minhas palavras do que inicialmente pensei. Inicialmente o “Ruim” possuía um cariz mais pessoal e intimista e era costume relatar episódios passados da minha vida (alguns vêm no livro), contudo, a coisa amadureceu para algo completamente diferente consegui definir um estilo único e próprio. Não foi nada planeado, até porque o Ruim nunca teve um fio condutor de lógica, mas foram as próprias pessoas que me começaram a seguir as responsáveis por este amadurecimento. 3 – Há muita gente que te vai (re)descobrir com o livro. Em que achas que o teu humor se diferencia dos demais? A minha abordagem ao humor confunde algumas pessoas e ainda bem que assim o é. Gosto de surpreender quem me acompanha e tento manter sempre um registo o mais original possível sem cair em repetição. No mesmo dia podes ler uma personificação dos dias da semana em cinco princesas e um lobo mau, assim como um desabafo sobre velhas em farmácias, contudo, a minha intenção nunca é fazer uso do “shock value” ou da polémica para fazer com que as piadas funcionem. Porque é isso o que me interessa: fazer rir. E como não tenho um registo certo (ou uma cor de humor definida) fico com uma maior liberdade de movimento nos temas e na forma como os abordo. Isto por vezes causa gera alguma confusão entre as pessoas e é nesses momentos que percebo que estou a fazer as coisas bem. Não sou melhor ou pior que este ou aquele, pois qualidade é sempre algo subjectivo aos nosso gosto pessoal. Muitos ficam surpreendidos quando digo que gosto bastante do Rui Sinel de Cordes. É verdade. Também gosto do Benny Hill, se vamos por aí. O que interessa, no final de contas, é fazer rir. E se consigo fazer rir uns e outros não, ainda bem. De certeza que haverá um outro que consegue fazer rir estas pessoas. 4 - Quem são as tuas referências? O que gostas de ler? A verdade é que a nível de escrita humorística as minhas referências são bastante simplórias, pois nunca tive um ou mais autores de referência. Acho que sou mais uma amálgama de influências que vão desde o Herman José ao Trey Parker e Matt Stone (“South Park”). Fui influenciado por um largo espectro de autores, criadores e comediantes em vários formatos, mas o meu gosto por ler e escrever começou aos 6 anos com o Astérix e o Tintin. Rendi-me ao “A Doença, o Sofrimento e a Morte Entram num Bar” do Ricardo Araújo Pereira, pois considero-o o mais brilhante livro sério sobre comédia escrito em português. Por norma, tudo o que vem do RAP eu consumo, pois obriga-me a pensar muito mais do que a rir. Isto pode ser uma desilusão para muitos, mas eu não sou assim tão "bookworm" quanto julgam. E sim, continuo a ler comics aos 35. 5 – Tens vindo a aumentar a tua base de fãs diariamente, tens parcerias com várias marcas e agora surge o livro. Até onde te imaginas a ir? Sinceramente, não é algo em que pense muito. Estou mais ciente do que não quero fazer e isso envolve fazer da minha paixão o meu meio de subsistência. O passado ensinou-me que fazer da paixão um meio de pagar as contas, apenas a destrói. Deixaria de fazer as coisas porque quero, mas porque tem de ser. O livro é, sem dúvida, o concretizar de um sonho antigo e não queria ficar por apenas um. Talvez me aventure numa novela gráfica com o Jaime Lopes (ilustrador do livro) dado termos uma excelente química de trabalho. Gostaria também de escrever algo de raiz totalmente pensado para o formato livro. Agora vou fazer um espectáculo ao vivo no Porto e outro no Seixal, depois disso, logo verei para onde a agulha aponta. Por agora, quero apenas aproveitar o presente. Os meus 15 minutos de fama já estão a durar mais do que deviam, por isso, deixem-me gozá-los. O livro RUIM, de Rui Conceição está prestes a chegarRui Conceição é o autor da página de facebook RUIM, que agora a ego publica em livro. Trata-se da compilação dos melhores textos da página, com a inclusão de textos originais do autor, de ilustrações de Jaime Lopes e prefácio de Quimera.
Brevemente disponível. Mais um livro a não perder! "Há quem acredite (...) que ainda existem intelectuais e que os livros ainda podem mudar o que quer que seja (...). Acho que quem acredita nisso se encontra verdadeiramente equivocado."João Oliveira Duarte publicou este mês o livro "Uma Biblioteca contra o Inferno", no qual descreve o extraordinário legado de Bento de Jesus Caraça, intelectual pouco conhecido da maioria dos portugueses, mas cujo trabalho foi bastante relevante nos tempos obscuros do Estado Novo.
Estivemos à conversa com o autor para percebermos melhor quem é e o que o move no mundo da literatura. 1 - Para quem não o conhece, quem é o João Oliveira Duarte?
Nasci em Lisboa, estudei Direito durante alguns anos mas acabei por fazer o curso de filosofia na Universidade de Lisboa. De momento, estou a fazer o doutoramento em História de Arte na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. 2 - Sempre teve a ambição de publicar um livro, neste caso, um ensaio? Nunca tive ambição de publicar o que quer que seja. O pouco que fui publicando aqui e ali deveu-se a obrigações académicas – hoje só sobrevive na academia quem obedecer a critérios nada inteligentes de produtividade – ou então a pequenos gostos de origem inconfessável. 3 – O que o levou a escrever sobre o Bento de Jesus Caraça? É uma história algo comprida, que começa com uns textos para uma revista literária da qual não tenho especial orgulho – fui director-adjunto enquanto durou e felizmente durou pouco. Depois de acabar a revista, perguntaram-me se não queria aprofundar aqueles pequenos textos que nunca chegaram a ser publicados. 4 – Qual o impacto que acha que este livro poderá ter na sociedade portuguesa? Há uma pequena conversa entre Michel Foucault e Gilles Deleuze em que o eclipse da figura do intelectual é desenhada e as suas consequências retiradas. Esta figura, que começa com Zola e o caso Dreyfus, no século XIX, e que acaba com Jean-Paul Sartre em 1980, faz parte de uma “atmosfera”, chamemos-lhe assim, em que os livros ainda tinham alguma forma de impacto, mesmo que fosse, muitas vezes, de forma equivocada. Parece-me que com o fim da figura do intelectual, a possibilidade desse impacto desapareceu. Há quem acredite no contrário, que ainda existem intelectuais e que os livros ainda podem mudar o que quer que seja – jornalistas, acima de tudo, cheios de boa vontade. Acho que quem acredita nisso se encontra verdadeiramente equivocado. 5 – Qual a sua ambição literária, até onde se imagina ir? Não tenho nem nunca tive qualquer tipo de ambição literária. Mas acho interessante a sobrevivência de umas certas características da “função autor”. 6 – Que autores o inspiram? Num trabalho como este a inspiração não tem lugar. A filosofia, a crítica e o ensaio, contrariamente à literatura e à arte, não têm nem nunca tiveram musas. Chegam sempre depois, após estas terem abandonado o local do crime. Mas há “diálogos”, apesar de não gostar muito desta palavra. Neste texto em concreto, é inegável a presença de Michel Foucault e de Jorge Luis Borges, num primeiro momento, um conjunto de autores (Schiller e Marx, por exemplo) em que a questão da antiguidade é colocada e, por último, uma peça atribuída a Ésquilo. Acima de tudo, e descontando a óbvia presença dos escritos de Bento de Jesus Caraça, tentei que diversos textos interviessem de forma local ao longo do livro, convocados por questões precisas. 7 – Tem planos para próximos títulos? Havia o plano de publicar uma versão modificada da tese de mestrado. Mas como é um texto já antigo onde, apesar de concordar ainda com as teses gerais, há um certo tom e estilo no qual já não me revejo, terei de decidir se está publicável ou não. Isto, acrescido do facto de se publicar demasiado em Portugal, deixa-me, no mínimo, relutante. Uma Biblioteca contra o Inferno
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