"(...) a direita vive uma crise estrutural que começou com a queda de Cavaco em 1995 e se prolonga já por mais de duas décadas."Nuno Garoupa acaba de lançar "A Direita Portuguesa - da Frustração à Decomposição", um livro que reúne as suas crónicas de análise política ao comportamento do PSD e CDS ao longo dos últimos 12 anos. Estivemos à conversa com o autor, para falarmos um pouco sobre a sua nova obra. 1. O Prof. Nuno Garoupa é um activo comentador da política nacional, com opinião política publicada em vários órgãos de comunicação social e também nas redes sociais, apesar dessa não ser a sua actividade profissional. Fá-lo por uma questão de cidadania activa, por gosto pessoal ou alimenta alguma ambição política? A minha actividade profissional não é a política, nem passa por Portugal. Em 25 anos de carreira profissional nunca desempenhei nenhum cargo de nomeação partidária ou política. Fora da universidade, o meu período na FFMS foi uma excepção, mas numa lógica de compromisso com uma sociedade civil mais forte. A cidadania activa pode fazer-se dentro dos partidos (como fiz no passado) e fora dos partidos (como tenho feito nos últimos 15 anos). E assim penso que continuará, dentro dos limites geográficos que a minha actividade profissional possa permitir.
3. Um pouco por todo o Mundo, os movimentos extremistas têm vindo a alastrar, em particular na Hungria, Polónia, Itália, Brasil e EUA, onde o Nuno trabalha actualmente. Pensa que esses movimentos poderão crescer em Portugal, onde são pouco expressivos, e chegar à Assembleia da República ou ao Governo, por exemplo? As razões que explicam o sucesso desses movimentos difere de país para país. Neste momento, comparando com 1995, existe quase mais um milhão de votos fora dos partidos representados na AR. Logicamente isso pode ser uma base eleitoral de um movimento novo e eleitoralmente importante. Mas não penso que seja mobilizada por agendas extremistas. Vejo mais provável um discurso anti-corrupção ou anti-atuais partidos do que um discurso populista como Trump ou Bolsonaro. Também acho que a persistente imutabilidade do sistema pode levar a uma Orbanização do regime, mas num pendor mais judiciário do que imigratório ou económico. 4. Este não é o seu primeiro livro mas é o primeiro a juntar grande parte da sua opinião publicada. Que planos literários tem para o futuro? Neste momento são dois volumes [o atual livro mais um segundo volume a publicar em 2019] que juntam grande parte da minha intervenção pública. Penso manter a atual coluna no Público [coluna de Jano, com a Professora Susana Peralta] por mais uns tempos. E depois logo veremos. Os comentários estão fechados.
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